SINIAV: todos os automóveis brasileiros ganham chip até 2014
Não há como dizer que o trânsito nas principais cidades do país não é um problema. Congestionamentos são apenas o mais visível deles, existe ainda uma grande de gama de falhas no sistema de transporte que representa a falta de segurança no envio de cargas, filas em pedágios e roubos de veículos particulares.
Pensando nisso, o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) está começando a colocar em prática o novo SINIAV (Sistema de Identificação Automática de Veículos). Este sistema será responsável por uma série de vantagens para todos aqueles que constituem os tráfegos de veículos das metrópoles brasileiros.
De uma maneira bastante resumida: trata-se de um projeto que irá colocar chips eletrônicos em veículos para que possam ser identificados eletronicamente por antenas dispostas nas cidades. Estas antenas irão enviar os dados para centrais de processamento e verificar a situação do veículo analisado.
Neste artigo iremos explicar quais são as reais funcionalidades conseguidas com esta nova tecnologia. Aproveite também para saber, com mais detalhes, como funciona o SINIAV e quais são as vantagens do sistema sobre o atual modelo de gerenciamento de trânsito brasileiro.
Sistema de Identificação Automática de Veículos
A Resolução 212 de 13 de novembro de 2006 contém as seguintes considerações para a utilização deste novo padrão de fiscalização:
1)“Considerando a necessidade de empreender a modernização e a adequação tecnológica dos equipamentos e procedimentos empregados nas atividades de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos e cargas”; e
2) “Considerando a necessidade de dotar os órgãos executivos de trânsito de instrumentos modernos e interoperáveis para planejamento, fiscalização e gestão do trânsito e da frota de veículos”.
Esses são os principais fatores considerados pelo DENATRAN ao criar este projeto de modernização do sistema de trânsito brasileiro. Entendem-se a falta de segurança e preparo das vias para suportar os crescentes volumes no fluxo de veículos, tanto dentro de cidades quanto em estradas.
Por isso o SINIAV torna-se essencial para a correção das atuais falhas de gestão de tráfego. Caso o funcionamento do projeto seja atingido com perfeição, em um futuro próximo será possível trafegar pelas avenidas com maior tranquilidade. Mesmo em vias muito movimentadas, a proposta é que pelo menos sejam diminuídos os congestionamentos.
Materiais envolvidos
Para que seja possível instalar o SINIAV de maneira efetiva em uma cidade, é necessário utilizar grandes quantidades de componentes. O mais básico deles é um chip eletrônico que pode ser anexado às placas dos carros ou então colado nos para-brisas deles. Este chip deve conter uma série de informações, como número serial do chip, placa, chassi e RENAVAM do carro e também dados privados, para veículos de empresas.
Para realizar a comunicação com as placas eletrônicas e as centrais de processamento, utilizam-se antenas transmissoras. Para elas são exigidos vários padrões de qualidade, fato comprovado pelos termos utilizados na resolução já citada. Nela, o DENATRAN exige que todas as antenas utilizadas permitam a leitura e gravação de dados nos chips analisados.
Mais do que isso, é necessário que a leitura possa ser realizada em veículos que estejam em velocidades de até 160 Km/h e a gravação em veículos que desempenhem velocidades de até 80 Km/h. Outra exigência é relacionada ao alcance das antenas, que deve ser de pelo menos cinco metros.
Por fim, todas as antenas precisam oferecer pelo menos 99,9% de desempenho nas leituras dos veículos que passarem em seu raio de alcance. As informações capturadas pelos sensores são enviadas a outros equipamentos por meio de interfaces seriais, paralelas, USB ou ethernet.
Cada DETRAN estadual deve ser equipado com uma central de recepção de informações. Enviadas pelas antenas, estes dados recebidos devem ser sincronizados com centrais nacionais para que, sempre que houver necessidade, sejam emitidos alertas sobre roubos, furtos e problemas com cargas.
Funcionalidades e aplicações
Há uma série de aplicações práticas que podem representar um enorme avanço na tecnologia empregada na fiscalização e controle de trânsito. Confira quais são as principais apostas que surgem junto com o SINIAV e entenda os motivos de tamanha expectativa.
Fiscalização eletrônica 2.0
Radares para avanço de semáforo ou velocidade acima do permitido ainda existirão, mas a fiscalização eletrônica deve ganhar um novo significado a partir do SINIAV. Sempre que um veículo estiver irregular (impostos atrasados, multas sem pagamento ou problemas com licenciamento) as antenas emitirão informações às centrais.
Fonte da imagem: Frank C. Müller
As mesmas centrais enviam informações para policiais de trânsito que serão responsáveis pela fiscalização de veículos em uma blitz, por exemplo. Dessa forma, quando houver alguma blitz programada, este veículo irregular será parado automaticamente e o motorista será autuado.
Mais segurança contra roubos
Se um carro for roubado, o proprietário deve informar a polícia sobre a situação. Com o sistema eletrônico, todas as antenas de fiscalização enviarão informações à polícia sobre a localização do veículo, assim que ele passar por alguma delas.
É uma maneira prática e rápida de localizar carros em movimento. Apesar de não serem tão eficientes quanto equipamentos de rastreamento por GPS, as antenas do SINIAV podem fornecer dados essenciais para que os responsáveis pela busca possam traçar triangulações na caça pelos bandidos.
Organização do trânsito
Talvez esta seja a função mais desejada por grande parte dos motoristas. O problema é que apenas será possível criar esquemas de fluxo de tráfego se todos os veículos estiverem cadastrados no SINIAV. É por isso que este tipo de melhoria só poderá começar a ser visto em 2014, ano em que o sistema deve estar consolidado.
Fonte da imagem: BrokenSphere
A ideia é que sejam criados fluxos em grandes cruzamentos. Para isso, antenas de rastreio seriam instaladas e permitiriam que as centrais automáticas pudessem controlar os semáforos de acordo com o volume de veículos em cada sentido analisado. Assim, os semáforos não seriam mais controlados por tempo, mas sim por demanda.
Também para empresas privadas
Esta vantagem do SINIAV já pode ser vista em muitos shoppings. Pagando antecipadamente ou cadastrando-se em alguns serviços, os motoristas podem entrar e sair de shoppings, mercados e outros estabelecimentos sem pagar estacionamento, já que a conexão eletrônica pode ser feita rapidamente.
Postos de pedágio também podem ser beneficiados com o sistema pelo mesmo motivo. O desafio é criar sistemas que permitam o pagamento de multas leves referentes a estacionamentos em local proibido ou então a compra de cartões de parada para que até este tipo de ação seja mais dinâmica do que é atualmente.
Fonte da imagem: Jonnie Nord
Rastreamento de cargas
Similar ao rastreamento de veículos roubados, mas disponibilizado para empresas de transporte. Por exemplo, podem ser cadastrados caminhões para o rastreamento e a cada vez que ele passar por uma antena, os dados são atualizados nas centrais do DENATRAN e enviados para a empresa contratante.
Além de melhorar a fiscalização do transporte, também é possível garantir mais segurança para os motoristas e empresários, que podem localizar suas cargas mais rapidamente, já que carretas também devem ganhar seus próprios chips (independentes do chip utilizado no truck).
Quando isso será realidade?
O projeto já vem sendo discutido desde 2006, quando o DENATRAN divulgou as primeiras informações. Quase cinco anos depois, ainda não existem muitos avanços na instalação do sistema, mas a história deve começar a mudar.
Fonte da imagem: Osvaldo Gago
Os planos para o SINIAV afirmam que até o final de 2014, quase todos os veículos do Brasil estarão cadastrados com chips eletrônicos. Quando a lei entrar em vigor oficialmente, os motoristas que não estiverem adequados ao sistema SINIAV serão multados e perderão cinco pontos em suas carteiras.
Quem deve ser cadastrado?
Novamente recorremos à Resolução do DENATRAN para responder. “Nenhum veículo automotor, elétrico, reboque e semirreboque poderá ser licenciado e transitar pelas vias terrestres abertas à circulação sem estar equipado com a placa eletrônica de que trata esta Resolução”.
Isso significa que todos os carros, motos, carretas para carregamento de barcos, reboques e quaisquer outros que trafeguem por via terrestre (salvo veículos bélicos militares) deverão possuir placas eletrônicas cadastradas nos servidores do SINIAV.
Lá fora...
O Brasil não é o inventor deste sistema, mas é um dos primeiros a tentar aplicá-lo como uma lei. Fora daqui, são raros os países que o utilizam como solução do transporte, sendo mais empregados em empresas privadas de rastreamento de veículos roubados.
Exemplo disso é a Tracker, uma das primeiras fabricantes a receber homologação do DENATRAN para a fabricação de dispositivos. Sendo parte integrante do Tracker VSR Group, ela já está presente em 18 países com sistemas privados de rastreio de carros e motos.
Na Noruega, uma cidade chamada Trondheim já apresenta um sistema parecido. É verdade que a população de 120 mil pessoas (e quase o mesmo número de carros) nem se compara a de uma cidade como São Paulo, mas o sistema-modelo é base para muitas lições. Lá, todos os carros são ligados a uma rede sem fio que controla todo o tráfego da cidade.
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Os planos do governo brasileiro dizem que a Copa do Mundo de 2014 deve ser realizada com o SINIAV já em funcionamento. Será que esse desejo será transformado em realidade nas ruas brasileiras? Deixe um comentário nos contando o que pensa sobre estas novidades na tecnologia do trânsito.